terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A MULHER CALADA (3) - PROIBIÇÃO DIVINA OU HUMANA?

Um dos trechos bíblicos usados para fundamentar a proibição de a mulher falar ou ensinar foi escrito pelo apóstolo Paulo da seguinte forma:

As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.
1 Coríntios 14:34-35

Vamos levantar aqui alguns questionamentos para entender se este texto ainda é válido hoje, no contexto em que vivemos (República Democrática do Brasil, séc. XXI, ano 2011). Neste post, irei analisar apenas a parte sublinhada colcorida do trecho bíblico, as outras partes analisarei em posts futuros.



Se não é permitido que a mulher fale, há alguém ou algo proibindo-a de falar. Quem é que não permite à mulher que fale? Deus? Algum rei ou imperador da época? Alguma lei da época? Os costumes e valores daquela época? A tradição daquela sociedade? Ou o próprio Paulo?


 Deus e Jesus nunca proibiram a mulher de falar.

Jesus quando chegou em Samaria, poderia ter ido ao encontro dos homens da cidade para lhes anunciar que era o Cristo. No entanto, se revelou uma mulher.

Jesus e a mulher samaritana - imagem retirada do blog O Pregador


E nisto vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?
Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo?
Saíram, pois, da cidade, e foram ter com ele.
João 4:27-30

E foi através dela que os samaritanos conheceram o Salvador. Se eles tivessem se recusado a dar ouvidos àquela mulher, teriam perdido a preciosa oportunidade.

Se Deus não permitisse à mulher falar, por acaso Jesus (o filho de Deus, o verbo feito carne, o Deus encarnado, o representante da vontade de Deus na Terra) teria se manifestado à uma mulher para que através dela os homens da cidade conhececem o mestre? Não teria ido direto a eles?



Quando Jesus ressusitou, a mesma situação se repetiu. Com 11 discípulos e uma grande quantidade de seguidores, Jesus revelou-se primeiramente às mulheres e pediu a elas que anunciassem aos homens sobre sua ressurreição.

E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
Marcos 16:5-7

E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. E, partindo ela, anunciou-o àqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando. E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
Marcos 16:9-11


Mais uma vez fica a pergunta: Se fosse desagradável  a Deus que a mulher falasse ou ensinasse, não seria uma contradição que ele aparecesse à mulheres, pedindo que elas fossem aos homens explicar o que estava acontecendo?

Se a vontade de Deus fosse que a mulher ficasse calada, Jesus jamais teria aparecido às mulheres primeiro. Daria esta honra a um de seus amados discípilos. 

Talvez Ele até apareceria a elas primeiro, mas depois diria, "Olha, não fala nada pra ninguém, fica aqui bem quietinha pra nenhum de meus apóstolos se envergonhar de ter ficado sabendo da notícia por meio de uma mulher..."

Imagem retirada do site IURD

 
Agindo assim, Jesus demonstra a todos que a revelação de Deus não obedece hierarquias humanas, e para se alcançar a sabedoria divina, é necessário ouvir as palavras daqueles a quem Deus tem revelado algo, seja esta pessoa um homem, uma mulher, uma criança ou idoso.

Analisando a forma como Jesus agia, é mais fácil acreditar que os homens devem aprender com as mulheres do que o contrário.

Então se à mulher não é permitido falar, esta proibição não vem de Deus. Pode vir de algum costume, tradição, filosofia machista, ou mesmo do próprio apóstolo Paulo. Veja que em outra carta, Paulo fala abertamente que é ele mesmo quem não permite à mulher falar na frente de homens.

[Eu, Paulo,] Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
1 Timóteo 2:12


Paulo, como pregador do evangelho aos gentios, acabou por ensinar algumas coisas mais baseadas no seu próprio sentimento do que na revelação divina.  Ele mesmo reconhce isto e em muitas cartas deixa claro sua posição pessoal sobre determinado assunto. Por exemplo, quando diz para os solteiros não se casarem, esclare: Isto digo eu, não o Senhor. 1 Coríntios 7:12

Desta forma, conclui-se que a proibição em relação às mulheres falarem na igreja é a opinião pessoal de Paulo sobre o assunto, não é uma ordem dada por Deus.

Continua no próximo post...

Leia também os posts anteriores

A mulher calada - Parte 1

A mulher calada - Parte 2 - Sabedoria Proibida






A MULHER CALADA (2) - SABEDORIA PROIBIDA

Ao silenciar as mulheres, proibindo-as de ensinar e pregar, as igrejas cristãs têm desperdiçado grande parte da sabedoria que Deus dá ao ser humano.

Mulher ensinando - imagem retirada do site Sistema de Trabalho em Casa

Quando Deus criou o ser humano criou macho e fêmea como complementos de um todo. Sendo complementares, cada um carrega em si uma parcela distinta da sabedoria divina.


E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.Gênesis 1:27


Deus poderia dar toda a sabedoria para um único ser humano e todos se sentariam em volta dele para o ouvir e aprender com ele.

Ao invés disto, Deus distribuiu sua sabedoria entre as pessoas e permite que esta sabedoria seja construída de acordo com a experiência de vida da pessoa. Desta forma, todas as pessoas possuem uma parcela de sabedoria de Deus.

Homem ouvindo - imagem retirada do blog Vox Scripturae


Deus fez assim para criar uma interdependência entre as pessoas. Todos nós necessecitamos do conhecimento, sabedoria, entendimento de outrem. Por isto em toda a Bíblia o OUVIR é uma virtude, afinal apenas ouvindo podemos aprender.

Porventura o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?
Jó 12:11

Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.
Tiago 1:19

Note que quando Tiago diz para o homem ser pronto para ouvir, não especifica à quem deve ouvir. Quanto mais sábia é a pessoa, mais ela busca ouvir as outras à sua volta.

Já viu como as pessoas mais admiradas estão sempre prontas para ouvir? Ouvem as crianças, ouvem os idosos, ouvem as mulheres, prestam atenção até em assuntos sobre os quais não têm muito interesse, muitas vezes apenas por respeito ao outro, para que o outro se sinta importante.

A sabedoria não está em muito falar e sim em escutar. O homem sábio escuta as palavras das mulheres sem nenhum preconceito. Ele sabe que através delas poderá compreender melhor os mistérios de Deus.

Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.

Homem ouvindo - imagem retirada do blog Midia Gospel


Da mesma forma que a Bíblia considera o OUVIR como uma virtude, o não ouvir é considerado como uma forma de ignorância, teimosia. Quanto menos a pessoa ouve, mais arrogante e propensa ao pecado se torna.

Porém não vos tem dado o SENHOR um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje.
Deuteronômio 29:4

Filho do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque eles são casa rebelde
Ezequiel 12:2

Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje.Romanos 11:8

Porquanto o coração deste povo está endurecido, E com os ouvidos ouviram pesadamente, E fecharam os olhos, Para que nunca com os olhos vejam, Nem com os ouvidos ouçam, Nem do coração entendam, E se convertam, E eu os cure.Atos 28:27


Desta forma, impedir as mulheres de ensinar ou de pregar é, na verdade uma forma de não ouvir as mulheres, uma forma de negar a sabedoria e experiência de vida feminina e apegar-se apenas à parcela masculina da sabedoria divina.

Cumpre-se, então, a parte da escritura que fala daqueles que têm ouvidos mas não ouvem. Na verdade são pessoas de coração endurecido que não querem aceitar os mistérios divinos sob o ponto de vista feminino.

Mulher pregando - Imagem retirada do blog Templo Jovem Virtual

Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?
Jó 38:36

A sabedoria feminina foi dada por Deus. As igrejas só terão a ganhar ao darem ouvidos aos mistérios divinos através da voz das mulheres.



Leia também A mulher calada - parte 1

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A MULHER CALADA (PARTE 1)

Mulher Calada - Foto retirada do blog Mila Jolie

Apesar de todo o esforço de nosso mestre Jesus em desfazer hierarquias (leia as passagens bíblicas: "O maior no reino dos céus" e "Jesus lava os pés dos discípulos"), as igrejas cristãs preferiram estabelecer claras hierarquias, principalmente no que se refere ao domínio do masculino sobre o feminino.

Na verdade, o que estas igrejas fazem é acatar versículos bíblicos que satisfazem seus interesses em detrimento da verdadeira doutrina de Cristo.

Silenciando as mulheres em nome de Deus, os homens conseguiram dominá-las, impondo sua forma de adoração a Deus e criando uma religião parcial que contempla apenas a parte masculina da criação.

O nome de Deus já foi usado nesta terra para diversos fins, inclusive para guerrear e para matar. Mas acredito que a forma mais vil de uso do nome de Deus foi para silenciar as mulheres.

Mulher calada - imagem retirada do blog a mulher na sociedade


As mulheres são mães, são as geradores e guardadoras da vida. Conhecem a dor do gestar e do nascer. Conhecem a dor existencial que cada ser humano traz dentro de si. Conhecem os caminhos da vida.

Isto faz com elas tenham uma sabedoria nata, já gravada em seu DNA, em suas células, em seu próprio corpo e em sua alma. A sabedoria da vida. O mistério da vida não compreendido pela razão masculina, nem pelo pensamento lógico, mas pelo sentimento, pela intuição e pela experiência feminina.

Toda mulher nasce com esta sabedoria. E com os dias de experiência, vai se tornando cada vez mais sábia em relação aos mistérios da vida. Isto faz das mulheres mestras natas.

Nenhum ser humano pode viver bem, sem ter sido nutrido, amado e instruído por uma mulher. Nem mesmo o próprio Deus escapou a isto. Tendo que vir à Terra em forma humana, teve que ser gerado, nutrido, parido, amamentado, amado e instruído por uma mulher.

Mulher calada - imagem retirada do blog Igreja é você quem faz


Fechar os ouvidos à sabedoria daquela que nos dá a vida é desrespeitar a própria vida.

Se Deus confiou na mulher para dar-lhe a missão tão grandiosa de carregar em seu ventre a criação divina, por que a proibiria de ensinar?

Querem dizer então que aquela que tem capacidade divina para gerar, carregar e guardar a vida dentro de si, não teria capacidade para instruir esta mesma vida?

Ao silenciar as mulheres, as igrejas silenciam as detentoras do saber dos mistérios da vida. Preferem permanecer na mediocridade da inteligência racional masculina do que se render à grandeza da sabedoria intuitiva feminina.

A única razão para isto é o medo. Os homens são medrosos. Têm medo da sabedoria feminina. Medo de que a sabedoria feminina tire-lhes o posto de dominador conquistado pela força através de lutas e batalhas sangrentas.

Mulher calada - imagem retirada do blog Felipe e Flávia Costa


Dizer que a mulher não pode ensinar é o cúmulo do desrespeito e ingratidão para com a mulher e para com Deus. Deveríamos então corrigir aquilo que Deus criou? Diríamos a Ele que aquela que ele criou para abrigar a vida humana em seu corpo seria incapaz de guiar os seres humanos através de seus conselhos?

Lembremo-nos que NUNCA nosso mestre Jesus proibiu as mulheres de falarem ou ensinar. Antes ao ressucitar apareceu a elas e as ordenou que fossem FALAR, ANUNCIAR, TESTEMUNHAR aos apóstolos sobre a sua ressurreição.

Ele confiava interiamente nelas para que ensinassem aos homens sobre seus mistérios.





domingo, 4 de dezembro de 2011

Religiosidade e padronização


Uma das coisas que me incomodam nas igrejas é a padronização.

Uma das frases que já ouvi inúmeras vezes: "Deus nos quer todos iguais." DISCORDO. Se Deus nos quisesse todos iguais não teria se dado ao trabalho de fazernos todos diferentes.

Acontece que é mais fácil manter a igreja em ordem impondo regras que padronizam e uniformizam as pessoas. Nas igrejas mais tradicionais, esta padronização chega até mesmo ao vestuário, padronizando a aparência das pessoas.

Quando se trata das mulheres então, esta padronização da aparência segue rígidas normas que farão com que elas muitas vezes tenham que tomar atitudes antinaturais nas tarefas mais corriqueiras do cotidiano, para conseguirem se ajustar às normas.

Quer um exemplo? Sentar-se. Um ato tão natural que a maioria das pessoas não vão nunca parar para pensar em como está fazendo isto. Mas para mulheres evangélicas, obrigadas pela doutrina religiosa a usarem saias sob quaisquer cirscuntâncias, este simples ato tem que ser muito bem pensado.

Sentar-se em um banco ou sofá muito baixo pode ser um problema. Sentar-se em um degrau de escada ou meio fio, nem pensar. Mesmo naquela cadeira confortável no serviço, pode ser um desafio manter o equilíbrio do corpo sem poder abrir as pernas (já parou para perceber o quanto o corpo fica mais equilibrado e o quanto é mais fácil manter uma boa postura quando você se senta com as pernas ligeiramente abertas?)

Além do cumprimento das regras poderem exigir de nós atitudes antinaturais, podem também exigir de nós que façamos coisas que vão contra nossos valores.

Como assim?

Cada pessoa nasce com uma missão que faz com que cada uma tenha um caminho diferente a seguir. Cada uma tem uma história de vida diferente que faz com que sua compreensão de mundo seja diferente mesmo daqueles com quem convive diariamente. Cada pessoa tem uma personalidade diferente. Cada uma tem gostos, sentimentos, sonhos e realidades diferentes.

Por isto cada uma tem valores diferentes. Impor à pessoa rígidas normas sem espaço para questionamentos é impor valores à custa da anulação dos valores da pessoa. Adotar os valores de outrem, pode muitas vezes significar a violação dos próprios valores.


Neste ponto, as mulheres têm evangélicas têm sofrido bastante. Proibidas de ensinar na igreja, as mulheres há séculos estão apenas absorvendo valores masculinos em suas vidas. São ensinadas e doutrinadas de acordo com valores que são tão contrários à sua natureza feminina, que, por vezes, têm que desistir de ser mulher para ser evangélica.



Além de todas estas diferenças entre pessoas, cada pessoa pode abrigar em si mesma, gostos, sentimentos, sonhos e valores diferentes, dependendo da fase da vida em que se encontra ou dependendo até mesmo de determinada situação.

Um exemplo claro é a mulher que, embora ensinada a não faltar de cultos, começa a faltar depois do nascimento de um filho. Seus valores mudaram e cuidar da criança se torna a missão mais importante de sua vida, independente do que acham as outras pessoas.

Assim, apesar de estarmos dentro da igreja para trabalharmos nosso eu espiritual, podemos muitas vezes acabar por bloquear nossa espiritualidade, pois a padronização através de regras rígidas não nos permite nem mesmo conhecer nosso eu espiritual, muito menos trabalhar pela sua evolução.

As igrejas precisam aceitar a diversidade. As pessoas são diferentes umas das outras. Muitas vezes são diferentes até de si mesmas, afinal eu não sou hoje a mesma que eu era a 10 anos.



A padronização leva à religiosidade.
A diversidade leva à espiritualidade.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Conhecer-se

Imagem do blog Diamonds

Eu sou assim... Eu sou assado... As pessoas batem no peito e dizem sobre si mesmas.

Eu não tenho tanta certeza.

Quem eu sou?

Sou hoje a mesma que fui ontem?

Serei amanhã a mesma que sou hoje?

Existem palavras que possam me definir?

A verdade é que quanto mais nos conhecemos, menos necessidade temos de nos definir, de nos explicar.

Quanto mais nos conhecemos, mais percebemos o quanto as palavras são incapazes de explicar a complexidade que há dentro de nós.

Tentar uma definição, por mais bem elaborada que seja, é se limitar.


Ao contrário, se conhecer não exige palavras.

Conhecer-se exige silêncio.

Apenas no silêncio e na quietude podemos entrar em contato com nosso ser, nossa essência, nossos sonhos, nossos medos, nossas vitórias e fracassos.

E ao nos conhecermos é melhor não tentar nenhum tipo de definição. Qualquer tipo de definição virá carregada de julgamentos que poderão nos impedir de viver nossa essência.

É melhor tentar ser quem realmente somos sem questionamentos. Afinal, se fomos criaturas de Deus, viver nossa essência só nos levará ao que é bom.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

DOM DO AMOR

Neste final de semana, minha igreja esteve em festa. Recebemos a visita de um irmão ancião de outro estado e foi muito bom.

O que eu realmente gostei: Ele não apenas prega o amor, ele ama de verdade. Em todas as obras que ele contou percebe-se claramente o amor colocado em prática, pois amor não é apenas sentimento, é também ação.



É engraçado, eu sempre orava pedindo a Deus: "Coloque amor em meu coração, faça-me ser uma pessoa amorosa."

Um dia, percebi que estava equivocada. Eu não deveria esperar sentir amor por alguém para depois fazer algo que o desmostrasse. Isto é mais ou menos como pedir a Deus conhecimento e não se aplicar aos estudos.

O amor nasce do respeito e consideração que sentimos pelas pessoas. Devemos tratar a todos com muita dignidade, e as pequenas ações praticadas no dia-a-dia com as pessoas de nossa convivência vão nos transformando aos poucos em pessoas mais amorosas.

A meu ver, o amor não é um dom a ser buscado como o dom de línguas. É um dom a ser cultivado diariamente até que cheguemos ao ponto de dizer: Amo ao meu próximo como amo a mim mesmo.

Não é fácil. É um processo que exige disciplina e paciência.

Foi isto que me admirou no irmão ancião. Em cada palavra, o amor que ele sente pelas pessoas estava expresso. Ele ama tanto as pessoas que é impossível não amá-lo. Todos gostaram muito. Fiquei admirada. É um belo exemplo a se seguir.

Tomara que Deus dê a todos os irmãos do ministério este mesmo dom do amor. As igrejas precisam muito.



sábado, 10 de setembro de 2011

VÓS NÃO SABEIS DE QUE ESPÍRITO SOIS

No post anterior (Justificativas bíblicas para o machismo), falei sobre como as pessoas têm caído em tentação e cometido o pecado da iniqüidade ao usar textos bíblicos que lhes afagam o ego. Hoje gostaria de continuar o assunto, mostrando que até mesmo para seguir exemplos de pessoas santas da bíblia, há que se tomar cuidado.



E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia. (Lc 9, 51-56)

Quando Jesus executava sua missão com seus apóstolos, pediu a eles que preparassem pouso em uma aldeia de samaritanos. Não tendo conseguido, os discípulos pediram a Jesus autorização para agirem como o profeta Elias havia agido, ou seja, pedindo a Deus que descesse fogo dos céus e destruísse a todos aqueles. Ao que Jesus respondeu sem nenhum medo: Vós não sabeis de que espírito sois.

Interessante notar que eles não estavam querendo imitar o exemplo de uma pessoa má, incrédula ou pecadora. Eles estavam pedindo para imitar o exemplo de um santo homem de Deus, que fora tão santo a ponto de não provar a morte e ser transladado ao céu!

Daí está o mistério da Graça de Deus, que muitos apesar de serem cristãos, ainda não conseguiram entender.

Antes da vinda de Cristo à Terra as pessoas tinham uma visão a respeito de Deus. Deus seria castigador, vingativo, destruidor, rei, senhor soberano, distante. Seria o soberano rei que queria seu louvor e obediência, mesmo que você fosse cruel com sua própria família. Tão exigente com as pessoas que não aceitaria o manco, o coxo ou o leproso. Tão incompreensível com o ser humano, que criaria um ser feminino que naturalmente menstrua e ao mesmo tempo consideraria a mulher menstruada como impura. Tão exigente no cumprimento das regras, que pediria aos próprios pais para apedrejarem seus filhos (no caso de rebeldia) para eliminar o mal do meio do povo. Tão machista que permitiria ao homem recém-casado que repudiasse sua esposa caso encontrasse no corpo dela alguma imperfeição ou algo que lhe desagradasse (uma celulite, por exemplo).

Será que este era mesmo o deus verdadeiro? Será que o que guiava o povo naquela época a cumprir a lei a ferro e fogo era mesmo o espírito de Deus?

Jesus veio à Terra para nos apresentar uma nova visão de Deus. Afinal Ele era o próprio Deus encarnado e nascido de mulher para entender a mentalidade dos seres humanos e fazer-nos entender a mentalidade de Deus.

E o que Ele nos apresentou foi um Deus totalmente diferente do antigo testamento. Deus amigo, Deus Pai, Deus irmão. Deus misericordioso, que perdoa os pecados daquele que se arrepende. Deus Pai perfeito que não faz distinção de seus filhos, que ama o homem, ama a mulher, ama o velho, ama a criança e a todos dispensa suas bênçãos sem restrições. Deus justo ao qual não se encontra através de nenhuma hierarquia, mas que pode  ser encontrado em espírito e em verdade até por uma criança. Deus que está dentro de nós e não distante. Deus que quer ser amado não por palavras e sacrifícios, mas através do nosso amor ao próximo.

É a este Deus que nós cristão servimos. Qualquer coisa que contraria esta nova visão de Deus apresentada a nós por intermédio de Jesus, não faz parte do espírito de Deus.

É neste contexto que novamente coloco o assunto do machismo nas igrejas cristãs. Qualquer forma de discriminação ou distinção de pessoas contraria o evangelho de Cristo. Contraria o Novo Testamento. Contraria a nova visão sobre Deus que Jesus veio nos apresentar.

Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. (I Cor. 3,11) Por que se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou doutro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis. (II Cor. 11,4). Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evnagelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gl. 1,8)

Deus não faz acepção de pessoas. Qualquer forma de acepção, distinção ou discriminação é pecado. Mesmo que estejamos imitando algum santo homem da Bíblia, estaremos cometendo pecado. Não tentemos nos enganar ao imitar algum santo da Bíblia que por acaso foi machista.

Paulo foi santo homem de Deus. Suas palavras se espalharam pelo mundo e com certeza foi por ele que a Palavra de Cristo chegou até nossos dias. Devemos agradecer a Deus por este seu filho que levou em frente uma missão tão nobre.

Mas mesmo ele sendo tão santo, cometeu o pecado da iniqüidade ao considerar a mulher como inferior ao homem, negando-se a aprender com elas (mesmo depois de admitir que Deus dá sabedoria a todos os que buscam) e justificando sua visão machista de mundo com o pecado de Eva.

Não permito, porém que a mulher ensine (...) porque (...) Adão não foi enganado, mas a mulher sendo enganada caiu em transgressão.” (I Tim. 2,14)

Nós, mulheres cristãs não temos mais nada a ver com o pecado de Eva. Ou o batismo em nome de Jesus não seria potente o suficiente para nos limpar de todo o pecado?

Vê-se claramente que aqueles que pregaram tais coisas, desviaram-se da pregação do verdadeiro evangelho de Cristo. Contradizem aquilo que Deus, na forma humana de Jesus, veio nos ensinar. Portanto, posso dizer como Jesus disse, sem nenhum medo de errar: Não sabem de que espírito são.

Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gl. 1,8)

Novamente digo: Temos que ter uma compreensão global da Palavra de Deus, entender seu amor pelo ser humano, compreender o mistério da vinda de Jesus à Terra e o mistério de sua ressurreição. Só assim poderemos ser verdadeiros cristãos.

Aos que ainda insistem em justificar seu machismo através da Bíblia: Vós não sabeis de que espírito sois.

A paz de Deus esteja com todos!



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

JUSTIFICATIVAS BÍBLICAS PARA O MACHISMO

Gostaria hoje de falar a todos aqueles que justificam sua visão de superioridade masculina com versículos bíblicos.

As pessoas que acreditam que o homem seja mais importante que a mulher no plano espiritual se baseiam nos seguintes argumentos: O homem foi criado primeiro que a mulher, a mulher pecou primeiro, existem muitas histórias de homens usados por Deus na Bíblia e pouquíssimas histórias de mulheres, Jesus e seus apóstolos eram homens, Paulo não permitia que as mulheres falassem nas igrejas, Paulo e outros homens da época não aceitavam aprender nada com as mulheres, proibiam-nas de ensinar aos homens e aconselhavam-nas a aprender apenas em casa com o marido.
Imagem retirada do site Você repórter

 Todos estes argumentos são facilmente justificados apenas abrindo-se a Bíblia e lendo-se os trechos que falam de tais assuntos. Daí então os machistas saem batendo no peito com o ego inflado. Mas quem lê tais trechos e acha que é o bastante para justificar sua visão fálica de mundo, pode cair numa grande armadilha. A armadilha de se usar a Palavra de Deus para fazer a vontade do inimigo.



Todos nós, cristãos, conhecemos a parte da vida de nosso mestre Jesus quando foi tentado no deserto (Mt 4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13). O diabo usou partes das Escrituras para tentá-lo. “Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo. porque está escrito: Aos teus anjos darás ordem ao teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.”



Vê-se aqui que o diabo possui um grande conhecimento das escrituras e com o tal procura tentar as pessoas a usarem as escrituras para satisfação de seu próprio ego.

Imagem retirada do blog do ir Waltir


Percebam que o diabo usou a verdade para conduzir ao erro. A tentação ocorreu apresentando-se a Jesus duas verdades, que juntas fariam Jesus cometer pecado. A primeira verdade: Jesus era o filho de Deus. A segunda verdade: Deus envia seus anjos para socorrer seus filhos não os deixando tropeçar em alguma pedra.

A Bíblia nos conta apenas o diálogo entre os dois. Não nos fala sobre sentimentos. Mas tentação é tentação. Não seria tentação se não envolvesse algum tipo de sentimento. Quando o diabo disse esta frase a Jesus, será que Ele não sentiu dentro de si algum tipo de grandeza? Não sentiu dentro de si algum orgulho? Não teria se sentido lisonjeado? Afinal ele sabia ser o Filho de Deus, mas ninguém ainda tinha reconhecido isto, afinal Ele ainda não havia começado sua missão.

Pelo contrário, Ele estava ali no deserto jejuando justamente para conseguir forças de se auto-afirmar como Filho de Deus perante o mundo. Até aquele momento, nenhuma pessoa, nenhum ser humano havia tido a ousadia de dizer “Sou filho de Deus”. Isto era até pecado, visto que a pessoa estaria blasfemando ao se considerar igual a Deus.

Naquele momento, se Jesus tivesse aceitado as lisonjas, teria cometido um grande pecado: O pecado de tentar a Deus, ou seja, provocar o próprio perigo para ser socorrido por Deus.

Mas ao invés disto, o que nosso Mestre fez? Mesmo sentindo dentro de si todo o poder divino após 40 dias de jejum e comunhão com Deus, mesmo sentido dentro de si a grandeza e excelência de ser Filho de Deus, mesmo sentindo dentro de si todo o potencial para realizar os grandes milagres que iriam caracterizar sua vida, aniquilou seu ego, seu desejo de auto-afirmação, sua necessidade de se revelar ao mundo, dispensou todas as honras, elogios, e adulações e venceu a tentação.

Bem, o que eu quero alertar a todos é que uma das formas de tentação usada pelo inimigo é usar trechos da Palavra de Deus para inflar seu ego e fazê-lo cometer algum tipo de pecado.

No caso do machismo isto é bem explícito. O diabo usa trechos da Bíblia que fazem os homens sentirem-se lisonjeados. Quando o sentimento de orgulho por ser homem aflora e o desejo de auto-afirmação se torna uma necessidade, o diabo apresenta suas propostas. Estas vão desde dominar livremente sobre a mulher, até proibi-las de transmitir sua sabedoria. O homem aceita as propostas e então comete o pecado da iniqüidade.

Desta forma o pecado entra no coração dos homens cristãos impedindo-os de herdar o reino dos céus, entra nas famílias, causando muita infelicidade, e o pior, entra nas igrejas, que passam a pregar a iniqüidade na forma do machismo, transformando o púlpito das igrejas em local de expressão do pecado ao invés de local de expressão da justiça e da mensagem divina.
Foto de Paolo Neo

Mas como evitar cair neste tipo de tentação? É necessário não apenas o conhecimento de versículos isolados da Bíblia. É necessária uma compreensão global das escrituras. É necessário que você leia atentamente os quatro evangelhos, pois contêm as palavras de Jesus a respeito de Deus e a respeito do que devemos fazer para herdar o reino dos céus.
Mais especificamente no caso do machismo, é necessário entender que Jesus desfez todas as hierarquias humanas. É necessário que você aceite que Deus é Pai e não faz distinção de pessoas. É necessário eliminar o orgulho e a necessidade de auto-afirmação. É necessário aceitar que todos têm o mesmo valor perante Deus. É necessário aceitar que aquele que quiser ser maior aqui na Terra será o menor no reino dos céus. É necessário ler a Bíblia para ter um conhecimento global da Palavra e da Graça de Deus e não apenas utilizar alguns versículos bíblicos que o beneficiarão.

Homem, cuidado! O diabo apresentará a você verdades bíblicas que lisonjeiam seu ego masculino. Posteriormente fará propostas a você que o farão cair em pecado. Esteja atento. Conheça profundamente as palavras de Jesus e diga não ao pecado. Iniquidade é pecado. Não importa qual a justificativa para cometê-la. Diga não ao machismo. Diga não ao pecado.

Lírio da água - foto retirada do site Public Domain Photos

A Paz de Deus esteja em todos os corações!

domingo, 24 de julho de 2011

A ESSÊNCIA DO TRABALHO FEMININO

Imagem retirada do blog Amoo

Cada ser humano nasce com uma missão. E na maioria das vezes desempenhamos nossa missão através do trabalho. Assim, cumprimos o que viemos fazer nesta Terra e em troca, recebemos as condições financeiras necessárias para nossa vida.

Por muitos séculos, nós mulheres, fomos proibidas de lutar por nossa missão, fomos proibidas de viver nossos sonhos. Mas agora que temos este direito, a pergunta é: Qual é a nossa missão?

O trabalho hoje é tão normal na vida de uma mulher, que muitas vezes ela nem mesmo tem a oportunidade de perguntar o porquê de seu trabalho. Simplesmente terminamos o 2° grau, entramos em uma faculdade, depois procuramos um emprego.

E trabalhamos dentro de empresas criadas segundo princípios masculinos, e passamos toda a vida seguindo estes padrões que já foram testados e aprovados. Mas aprovados por quem? Pelos homens.

A verdade é que os mesmos princípios que levam o homem ao sucesso, podem levar a mulher ao fracasso.

Esta frase espanta as pessoas, mas pare e pense: Se você tem dois problemas diferentes para resolver, que partem de princípios diferentes, você usaria a mesma fórmula para resolver os dois problemas?

Homens e mulheres são diferentes. Têm valores diferentes. Têm maneiras de pensar diferentes. Têm maneiras de gerir o tempo diferentes. Têm maneiras de alcançar o sucesso diferentes.

Para uma empresa criada sob moldes masculinos, quanto mais a mulher se masculinizar, isto é, quanto mais ela trabalhar dentro dos princípios testados e aprovados pelos homens, melhor será.

Mas e para ela? Isto é bom? Temos visto mulheres que sonhavam em ser mães e desistiram do sonho por causa de um cargo que lhes ocuparia mais tempo que as tradicionais 8 horas de trabalho diário. Temos visto mulheres que mesmo com um grande sucesso profissional, acabaram se questionando e saindo do emprego para “viver a vida”. Temos visto mulheres que depois de anos de trabalho com sucesso profissional e financeiro, começaram a ter depressão “sem nenhum motivo aparente”.

Não está na hora de questionarmos o modo de trabalhar? Não está na hora de reinventar o trabalho? Não está na hora de trabalharmos por algo maior que o dinheiro que nos chega à nossa conta bancária?

A meu ver a principal diferença entre o homem e a mulher no que ser refere ao trabalho é competição x cooperação.

Lembre-se que o homem, no princípio da humanidade, era responsável pela caça. Ele saía da caverna, se expunha ao perigo, não podia ter medo, não podia ter dó do animal, não podia se colocar no lugar do outro, tinha que ser agressivo, tinha que ser competitivo. No final do dia, ou a caça ou ele estaria vivo. Desta forma, os valores masculinos foram construídos sobre o sistema ou ou, o sistema da competição.

Ao mesmo tempo, a mulher ficava na caverna protegendo os filhos. Ao contrário do homem, ela precisava ser bastante sensível a qualquer expressão do outro. Tinha que ter compaixão, se colocar no lugar do outro, colaborar para o desenvolvimento do outro. No final do dia mãe e filhos estariam bem. Desta forma, os valores femininos foram construídos sobre o sistema e, o sistema da cooperação.

Se a sociedade (inclui-se aí o mundo corporativo, administrativo, financeiro, os sistemas educacionais e religiosos) tivesse dado às mulheres desde o começo os mesmos direitos dos homens, as empresas (e tudo que entendemos de administração, finanças e marketing) teriam sido criadas por homens e mulheres.

As empresas teriam construído seus fundamentos dentro de uma visão holística, na qual masculino e feminino se integram. Os dois sistemas (o da competição e o da cooperação) teriam se fundido, de forma que hoje as relações de trabalho seriam boas tanto para homens quanto para mulheres. E as empresas conseguiriam tirar proveito do que há de melhor na competição e do que há de melhor na cooperação.


Infelizmente, a história foi cruel com as mulheres. À margem da sociedade, impedidas de estudar e, portanto de construir seus próprios conceitos, impedidas de ter independência financeira, totalmente à margem de todas as decisões empresariais e financeiras, o mundo corporativo (juntamente com o sistema educacional, o financeiro, a ciência, a religião) foi se pautando única e exclusivamente na visão masculina de mundo, a visão da competição, a visão ou ou.

Ao lutar pelo direito de estudar e trabalhar, pelo direito de ter independência financeira e principalmente, de poder realizar seus sonhos e cumprir sua missão através do trabalho, a mulher rompe barreiras sociais construídas durante milênios.

Mas ela entra em um sistema totalmente machista, que foi moldado durante milênios na visão masculina de competição. Digo que é um sistema machista porque em foi moldado de forma a excluir totalmente a mulher de todas as decisões. Agora que a mulher está ali, dentro deste sistema, o que fazer? Se adaptar?

Todas nós temos tentado nos adaptar. Tentamos ser competitivas como os homens, tentamos correr riscos como eles, nos expor como eles.

Mas chega o dia em que aquela mulherzinha ali dentro da alma nos dá o aviso: É hora de mudar. Aliás, existe um dia em que aceitar pacificamente as coisas se torna mais perigoso do que se rebelar.

Aquela mulherzinha dentro de nós, aquela que foi reprimida pelo sistema educacional machista, reprimida pelas relações de trabalho machistas, reprimida pelas religiões machistas, começa a crescer, começa a ser dona de si mesma, começa a ter voz, começa a gritar.

É neste momento que algumas mulheres começam a entrar em depressão. Outras abandonam o emprego. Algumas abandonam o marido e outras abandonam até mesmo a religião, numa tentativa de se livrar de toda a repressão ao seu eu feminino.

Mas se ela não entender o porquê de toda esta rebeldia, jamais conseguirá se libertar dos sistemas machistas.

Compreendendo que a angústia nada mais é do que a rebelião de sua fêmea interior gritando por liberdade, ela poderá encontrar formas de se desprender das amarras sociais sem se ferir e sem ferir aos que estão em volta dela.

Conseguirá ser uma ótima profissional, mas através de valores construídos sobre sua visão de mundo feminina, não se importando mais com o que ensinam os livros, as pós-graduações, as palestras e tudo o mais que a tenta fazer trabalhar sob valores masculinos.

Se não encontrar o emprego certo para se realizar como mulher, criará sua própria empresa que, muito provavelmente, não será criada para competir com outras, mas para cooperar com uma determinada causa, que na verdade só pode ser definida quando a mulher descobre qual é a sua missão na Terra.

Conseguirá ter uma vida financeira plena na qual o dinheiro não é o objetivo final, mas a conseqüência de sua dedicação a uma determinada missão. Uma vida na qual não é necessário ser a primeira, simplesmente basta ser.

Conseguirá o verdadeiro conhecimento através do sentimento e da intuição e não através do racionalismo imposto em nossas escolas.

Conseguirá uma profunda ligação com Deus, ao compreender que este deus machista que nos foi apresentado na igreja, na verdade é a versão masculinizada do Verdadeiro Deus, em quem não há distinção de pessoas.

Conseguirá viver o verdadeiro matrimônio, no qual não há hierarquia entre homem e mulher, no qual esposo e esposa são partes inseparáveis de um mesmo corpo.

Transcendendo toda a visão machista de mundo que foi criada durante milênios no nosso sistema educacional, político, religioso, corporativo, financeiro, familiar, cultural, etc, poderemos nós mulheres dizer com muita propriedade.

“Estamos neste mundo, mas não somos deste mundo, porque saímos da realidade que nos foi apresentada pela sociedade para vivenciarmos a Verdade, a Palavra de Deus que nos liberta de todos os sistemas mundanos.”

A meu ver a missão de todas as mulheres no mercado de trabalho é fazer com que este mundo no qual vivemos seja mais justo com nossas filhas, é fazer com que o feminino se liberte totalmente do masculino, para que só então os dois se unam e vivam holisticamente, tanto nas empresas, quanto nas religiões, nas escolas, etc.
Imagem retirada do blog Compostura


Dentro desta missão maior que foi destinada a todas nós que estamos hoje trabalhando, devemos perguntar a Deus qual é a nossa missão pessoal. Não podemos ter pressa de receber a resposta. A resposta simplesmente virá.

Também não podemos ter pressa e ansiedade para realizar nossa missão. As coisas simplesmente vão começar a acontecer. Basta que tomemos conhecimento de nossa missão, aceitemos com amor e nos abramos ao desconhecido, pois o caminho que iremos percorrer está sendo inventado agora. Ainda não existem manuais para nos ensinar, não temos nada criado, testado e aprovado por nós mesmas.

Somos nós que vamos criar a nova administração, o novo marketing, o novo sistema educacional, as novas religiões. Chega de tentarmos nos adaptar ao mundo masculino e chega de criar leis para adaptar o mundo masculino a nós.

Nós temos um mundo particular, o mundo feminino, que por muito tempo nos foi negado. Agora é a hora, vamos reconstruí-lo. E quando, finalmente o mundo feminino estiver bem alicerçado, chegará a hora de termos uma sociedade mais justa. Uma sociedade na qual masculino e feminino se fundem com todo respeito e reverência um ao outro.








sábado, 9 de julho de 2011

HOMEM E MULHER - A UNICIDADE É A SALVAÇÃO


Quando Deus criou Eva no Paraíso, ela era livre e seu relacionamento com Adão era de igual para igual.

Adão, comovido ao ver a linda e sedutora mulher que estava à sua frente, rendeu-se à sua beleza e comovido disse: Você é carne de minha carne, é osso dos meus ossos, faz parte de mim, você e eu somos um só.

Homem e Mulher - imagem do blog Isa e Walter

 Não havia entre eles sentimento de separação. Um era parte do outro. Era como se fossem um só, mas em corpos distintos. Este sentimento de união os levava a um convívio igualitário.

Não havia domínio de um sobre o outro. Nem Adão dominava Eva, nem Eva dominava Adão. E eles alegremente viviam de acordo com o que Deus lhes ordenara exercendo a co-liderança, ou seja os dois eram líderes e tinham ao seu dispor toda a criação de Deus. (leia também "Liderança feminina instituída por Deus")

Os dois nem mesmo sabiam a diferença entre ser macho ou ser fêmea. Um admirava o outro, mas a ligação entre eles era tal, que não havia percepção das diferenças. Eles viveram o verdadeiro amor no qual um cônjuge vê o outro como uma extensão de si mesmo.

Imagem do filme Um homem uma mulher retidade de Cine garimpo


Eles não tinham vergonha de estarem nus. Eram tão puros e inocentes que nem mesmo percebiam diferenças entre si.

Viviam plenamente gozando de tudo que Deus lhes oferecera no jardim, compartilhando a alegria da abundância e a plenitude de conhecer o mundo sem a oposição entre o bem e o mal, sem a oposição entre macho e fêmea.

Satanás ao ver os dois em uma vida tão plena, tratou logo de interferir. Ofereceu-lhes o conhecimento das diferenças. O conhecimento do bem e do mal (estas forças sempre coexistiram, mas até então os seres humanos não tinham o conhecimento delas, assim como já existiam macho e fêmea, mas eles não tinham conhecimento das diferenças. Vivam na unidade).

Ao aceitar o conhecimento do bem e do mal, o alegre casal passou a perceber as oposições. Perderam a unidade na qual haviam sido criados por Deus. Passaram a ter uma visão fragmentada.

Foto retirada so site Família propósito de Deus


Adão viu que era homem. Eva viu que era mulher. Passaram a se perceber como indivíduos. Perceberam que eram distintos. Perceberam que não eram um corpo só. Viram que haviam diferenças enormes entre seus corpos e então sentiram vergonha.

Vestiram-se para cobrir a sexualidade, que a partir dali já começa a ser tratada como algo pecaminoso, sendo que antes era tão natural que seria até sagrada.

Cea do filme Um homem uma mulher - blog Renato Felix


Eva passa viver procurando pela aprovação de Adão ("e teu desejo será para o teu marido" Gn 4.16) e Adão começa a dominar sobre Eva ("e ele te dominará" Gn 4.16).

A visão fragmentada de mundo, que distingue pessoas em homens e mulheres e atribui a cada uma um fardo por ser homem ou por ser mulher, é resultante do pecado.



Quando alguém ensina que "o homem deve dominar sobre a mulher", esta pessoa está ensinando o homem a continuar vivendo sob o pecado, exercendo um domínio que só lhe foi atribuído mediante o pecado, ou seja este domínio não é algo bom e natural, e sim uma consequência do pecado.

Quando alguém ensina: "a mulher deve viver em função de satisfazer os desejos ou necessidades do marido, ou em função de sua aprovação", também está ensinando a mulher a continuar vivendo sob o pecado, a carregar o fardo do pecado que Eva carregou, a continuar sob o castigo lançado sobre ela em decorrência do seu pecado.

Jesus veio para libertar-nos do pecado. Por isto é que seu mandamento se resume em "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo".

Jesus não perdeu tempo elaborando regrinhas de convivência, nem regrinhas sobre qual roupa vestir, em que lugar ir ou não ir, o que falar ou não falar, o que comer ou não comer, o que beber ou não beber.

Simplesmente nos ordenou que eliminássemos as barreiras do pecado através do amor.




Se o marido olhar a mulher e ver, como Adão, que ela é parte de si mesmo e se a mulher olhar o marido e ver que ele é parte de si mesma, não haverá motivo para brigas. Não haverá distinção entre os dois. Não haverá dominador nem dominado e a famosa pergunta "Quem é que manda na sua casa?" perde o sentido.

Se queremos viver na graça de Cristo, devemos sair da visão fragmentada de mundo e evoluir para a visão unificada, que é a visão de Deus.

Deus é a Unidade. Ele é o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez. Aquilo que vemos como coisas independentes, para Deus é parte de um todo.

Imagem retirada do blog Lições bíblicas


Ao eliminarmos aquilo que nos faz únicos e diferentes, ao nos identificarmos tanto com o outro a ponto de não vermos diferenças entre nós, libertamo-nos do pecado e de todas as suas consequências.

Ao ver o outro como parte de si mesmo, a fragmentação originada do pecado desaparece e podemos viver na plenitude da criação de Deus: A unicidade entre todas as coisas do universo e entre todos os seres humanos.

Macho e Fêmea são um só vivendo em corpos diferentes.

Marido e Mulher são um ser único que vivem em corpos diferentes.

Somos todos um só vivendo em corpos diferentes.