domingo, 4 de dezembro de 2011

Religiosidade e padronização


Uma das coisas que me incomodam nas igrejas é a padronização.

Uma das frases que já ouvi inúmeras vezes: "Deus nos quer todos iguais." DISCORDO. Se Deus nos quisesse todos iguais não teria se dado ao trabalho de fazernos todos diferentes.

Acontece que é mais fácil manter a igreja em ordem impondo regras que padronizam e uniformizam as pessoas. Nas igrejas mais tradicionais, esta padronização chega até mesmo ao vestuário, padronizando a aparência das pessoas.

Quando se trata das mulheres então, esta padronização da aparência segue rígidas normas que farão com que elas muitas vezes tenham que tomar atitudes antinaturais nas tarefas mais corriqueiras do cotidiano, para conseguirem se ajustar às normas.

Quer um exemplo? Sentar-se. Um ato tão natural que a maioria das pessoas não vão nunca parar para pensar em como está fazendo isto. Mas para mulheres evangélicas, obrigadas pela doutrina religiosa a usarem saias sob quaisquer cirscuntâncias, este simples ato tem que ser muito bem pensado.

Sentar-se em um banco ou sofá muito baixo pode ser um problema. Sentar-se em um degrau de escada ou meio fio, nem pensar. Mesmo naquela cadeira confortável no serviço, pode ser um desafio manter o equilíbrio do corpo sem poder abrir as pernas (já parou para perceber o quanto o corpo fica mais equilibrado e o quanto é mais fácil manter uma boa postura quando você se senta com as pernas ligeiramente abertas?)

Além do cumprimento das regras poderem exigir de nós atitudes antinaturais, podem também exigir de nós que façamos coisas que vão contra nossos valores.

Como assim?

Cada pessoa nasce com uma missão que faz com que cada uma tenha um caminho diferente a seguir. Cada uma tem uma história de vida diferente que faz com que sua compreensão de mundo seja diferente mesmo daqueles com quem convive diariamente. Cada pessoa tem uma personalidade diferente. Cada uma tem gostos, sentimentos, sonhos e realidades diferentes.

Por isto cada uma tem valores diferentes. Impor à pessoa rígidas normas sem espaço para questionamentos é impor valores à custa da anulação dos valores da pessoa. Adotar os valores de outrem, pode muitas vezes significar a violação dos próprios valores.


Neste ponto, as mulheres têm evangélicas têm sofrido bastante. Proibidas de ensinar na igreja, as mulheres há séculos estão apenas absorvendo valores masculinos em suas vidas. São ensinadas e doutrinadas de acordo com valores que são tão contrários à sua natureza feminina, que, por vezes, têm que desistir de ser mulher para ser evangélica.



Além de todas estas diferenças entre pessoas, cada pessoa pode abrigar em si mesma, gostos, sentimentos, sonhos e valores diferentes, dependendo da fase da vida em que se encontra ou dependendo até mesmo de determinada situação.

Um exemplo claro é a mulher que, embora ensinada a não faltar de cultos, começa a faltar depois do nascimento de um filho. Seus valores mudaram e cuidar da criança se torna a missão mais importante de sua vida, independente do que acham as outras pessoas.

Assim, apesar de estarmos dentro da igreja para trabalharmos nosso eu espiritual, podemos muitas vezes acabar por bloquear nossa espiritualidade, pois a padronização através de regras rígidas não nos permite nem mesmo conhecer nosso eu espiritual, muito menos trabalhar pela sua evolução.

As igrejas precisam aceitar a diversidade. As pessoas são diferentes umas das outras. Muitas vezes são diferentes até de si mesmas, afinal eu não sou hoje a mesma que eu era a 10 anos.



A padronização leva à religiosidade.
A diversidade leva à espiritualidade.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto, excelente, sempre tive estes questionamentos também...

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Esta postagem reflete a minha forma de pensar, que foi construída através de minha experiência de vida e das revelações de Deus para meus questionamentos. Se você tem uma forma de pensar diferente, seja respeitoso ao expressá-la aqui.