domingo, 24 de julho de 2011

A ESSÊNCIA DO TRABALHO FEMININO

Imagem retirada do blog Amoo

Cada ser humano nasce com uma missão. E na maioria das vezes desempenhamos nossa missão através do trabalho. Assim, cumprimos o que viemos fazer nesta Terra e em troca, recebemos as condições financeiras necessárias para nossa vida.

Por muitos séculos, nós mulheres, fomos proibidas de lutar por nossa missão, fomos proibidas de viver nossos sonhos. Mas agora que temos este direito, a pergunta é: Qual é a nossa missão?

O trabalho hoje é tão normal na vida de uma mulher, que muitas vezes ela nem mesmo tem a oportunidade de perguntar o porquê de seu trabalho. Simplesmente terminamos o 2° grau, entramos em uma faculdade, depois procuramos um emprego.

E trabalhamos dentro de empresas criadas segundo princípios masculinos, e passamos toda a vida seguindo estes padrões que já foram testados e aprovados. Mas aprovados por quem? Pelos homens.

A verdade é que os mesmos princípios que levam o homem ao sucesso, podem levar a mulher ao fracasso.

Esta frase espanta as pessoas, mas pare e pense: Se você tem dois problemas diferentes para resolver, que partem de princípios diferentes, você usaria a mesma fórmula para resolver os dois problemas?

Homens e mulheres são diferentes. Têm valores diferentes. Têm maneiras de pensar diferentes. Têm maneiras de gerir o tempo diferentes. Têm maneiras de alcançar o sucesso diferentes.

Para uma empresa criada sob moldes masculinos, quanto mais a mulher se masculinizar, isto é, quanto mais ela trabalhar dentro dos princípios testados e aprovados pelos homens, melhor será.

Mas e para ela? Isto é bom? Temos visto mulheres que sonhavam em ser mães e desistiram do sonho por causa de um cargo que lhes ocuparia mais tempo que as tradicionais 8 horas de trabalho diário. Temos visto mulheres que mesmo com um grande sucesso profissional, acabaram se questionando e saindo do emprego para “viver a vida”. Temos visto mulheres que depois de anos de trabalho com sucesso profissional e financeiro, começaram a ter depressão “sem nenhum motivo aparente”.

Não está na hora de questionarmos o modo de trabalhar? Não está na hora de reinventar o trabalho? Não está na hora de trabalharmos por algo maior que o dinheiro que nos chega à nossa conta bancária?

A meu ver a principal diferença entre o homem e a mulher no que ser refere ao trabalho é competição x cooperação.

Lembre-se que o homem, no princípio da humanidade, era responsável pela caça. Ele saía da caverna, se expunha ao perigo, não podia ter medo, não podia ter dó do animal, não podia se colocar no lugar do outro, tinha que ser agressivo, tinha que ser competitivo. No final do dia, ou a caça ou ele estaria vivo. Desta forma, os valores masculinos foram construídos sobre o sistema ou ou, o sistema da competição.

Ao mesmo tempo, a mulher ficava na caverna protegendo os filhos. Ao contrário do homem, ela precisava ser bastante sensível a qualquer expressão do outro. Tinha que ter compaixão, se colocar no lugar do outro, colaborar para o desenvolvimento do outro. No final do dia mãe e filhos estariam bem. Desta forma, os valores femininos foram construídos sobre o sistema e, o sistema da cooperação.

Se a sociedade (inclui-se aí o mundo corporativo, administrativo, financeiro, os sistemas educacionais e religiosos) tivesse dado às mulheres desde o começo os mesmos direitos dos homens, as empresas (e tudo que entendemos de administração, finanças e marketing) teriam sido criadas por homens e mulheres.

As empresas teriam construído seus fundamentos dentro de uma visão holística, na qual masculino e feminino se integram. Os dois sistemas (o da competição e o da cooperação) teriam se fundido, de forma que hoje as relações de trabalho seriam boas tanto para homens quanto para mulheres. E as empresas conseguiriam tirar proveito do que há de melhor na competição e do que há de melhor na cooperação.


Infelizmente, a história foi cruel com as mulheres. À margem da sociedade, impedidas de estudar e, portanto de construir seus próprios conceitos, impedidas de ter independência financeira, totalmente à margem de todas as decisões empresariais e financeiras, o mundo corporativo (juntamente com o sistema educacional, o financeiro, a ciência, a religião) foi se pautando única e exclusivamente na visão masculina de mundo, a visão da competição, a visão ou ou.

Ao lutar pelo direito de estudar e trabalhar, pelo direito de ter independência financeira e principalmente, de poder realizar seus sonhos e cumprir sua missão através do trabalho, a mulher rompe barreiras sociais construídas durante milênios.

Mas ela entra em um sistema totalmente machista, que foi moldado durante milênios na visão masculina de competição. Digo que é um sistema machista porque em foi moldado de forma a excluir totalmente a mulher de todas as decisões. Agora que a mulher está ali, dentro deste sistema, o que fazer? Se adaptar?

Todas nós temos tentado nos adaptar. Tentamos ser competitivas como os homens, tentamos correr riscos como eles, nos expor como eles.

Mas chega o dia em que aquela mulherzinha ali dentro da alma nos dá o aviso: É hora de mudar. Aliás, existe um dia em que aceitar pacificamente as coisas se torna mais perigoso do que se rebelar.

Aquela mulherzinha dentro de nós, aquela que foi reprimida pelo sistema educacional machista, reprimida pelas relações de trabalho machistas, reprimida pelas religiões machistas, começa a crescer, começa a ser dona de si mesma, começa a ter voz, começa a gritar.

É neste momento que algumas mulheres começam a entrar em depressão. Outras abandonam o emprego. Algumas abandonam o marido e outras abandonam até mesmo a religião, numa tentativa de se livrar de toda a repressão ao seu eu feminino.

Mas se ela não entender o porquê de toda esta rebeldia, jamais conseguirá se libertar dos sistemas machistas.

Compreendendo que a angústia nada mais é do que a rebelião de sua fêmea interior gritando por liberdade, ela poderá encontrar formas de se desprender das amarras sociais sem se ferir e sem ferir aos que estão em volta dela.

Conseguirá ser uma ótima profissional, mas através de valores construídos sobre sua visão de mundo feminina, não se importando mais com o que ensinam os livros, as pós-graduações, as palestras e tudo o mais que a tenta fazer trabalhar sob valores masculinos.

Se não encontrar o emprego certo para se realizar como mulher, criará sua própria empresa que, muito provavelmente, não será criada para competir com outras, mas para cooperar com uma determinada causa, que na verdade só pode ser definida quando a mulher descobre qual é a sua missão na Terra.

Conseguirá ter uma vida financeira plena na qual o dinheiro não é o objetivo final, mas a conseqüência de sua dedicação a uma determinada missão. Uma vida na qual não é necessário ser a primeira, simplesmente basta ser.

Conseguirá o verdadeiro conhecimento através do sentimento e da intuição e não através do racionalismo imposto em nossas escolas.

Conseguirá uma profunda ligação com Deus, ao compreender que este deus machista que nos foi apresentado na igreja, na verdade é a versão masculinizada do Verdadeiro Deus, em quem não há distinção de pessoas.

Conseguirá viver o verdadeiro matrimônio, no qual não há hierarquia entre homem e mulher, no qual esposo e esposa são partes inseparáveis de um mesmo corpo.

Transcendendo toda a visão machista de mundo que foi criada durante milênios no nosso sistema educacional, político, religioso, corporativo, financeiro, familiar, cultural, etc, poderemos nós mulheres dizer com muita propriedade.

“Estamos neste mundo, mas não somos deste mundo, porque saímos da realidade que nos foi apresentada pela sociedade para vivenciarmos a Verdade, a Palavra de Deus que nos liberta de todos os sistemas mundanos.”

A meu ver a missão de todas as mulheres no mercado de trabalho é fazer com que este mundo no qual vivemos seja mais justo com nossas filhas, é fazer com que o feminino se liberte totalmente do masculino, para que só então os dois se unam e vivam holisticamente, tanto nas empresas, quanto nas religiões, nas escolas, etc.
Imagem retirada do blog Compostura


Dentro desta missão maior que foi destinada a todas nós que estamos hoje trabalhando, devemos perguntar a Deus qual é a nossa missão pessoal. Não podemos ter pressa de receber a resposta. A resposta simplesmente virá.

Também não podemos ter pressa e ansiedade para realizar nossa missão. As coisas simplesmente vão começar a acontecer. Basta que tomemos conhecimento de nossa missão, aceitemos com amor e nos abramos ao desconhecido, pois o caminho que iremos percorrer está sendo inventado agora. Ainda não existem manuais para nos ensinar, não temos nada criado, testado e aprovado por nós mesmas.

Somos nós que vamos criar a nova administração, o novo marketing, o novo sistema educacional, as novas religiões. Chega de tentarmos nos adaptar ao mundo masculino e chega de criar leis para adaptar o mundo masculino a nós.

Nós temos um mundo particular, o mundo feminino, que por muito tempo nos foi negado. Agora é a hora, vamos reconstruí-lo. E quando, finalmente o mundo feminino estiver bem alicerçado, chegará a hora de termos uma sociedade mais justa. Uma sociedade na qual masculino e feminino se fundem com todo respeito e reverência um ao outro.








sábado, 9 de julho de 2011

HOMEM E MULHER - A UNICIDADE É A SALVAÇÃO


Quando Deus criou Eva no Paraíso, ela era livre e seu relacionamento com Adão era de igual para igual.

Adão, comovido ao ver a linda e sedutora mulher que estava à sua frente, rendeu-se à sua beleza e comovido disse: Você é carne de minha carne, é osso dos meus ossos, faz parte de mim, você e eu somos um só.

Homem e Mulher - imagem do blog Isa e Walter

 Não havia entre eles sentimento de separação. Um era parte do outro. Era como se fossem um só, mas em corpos distintos. Este sentimento de união os levava a um convívio igualitário.

Não havia domínio de um sobre o outro. Nem Adão dominava Eva, nem Eva dominava Adão. E eles alegremente viviam de acordo com o que Deus lhes ordenara exercendo a co-liderança, ou seja os dois eram líderes e tinham ao seu dispor toda a criação de Deus. (leia também "Liderança feminina instituída por Deus")

Os dois nem mesmo sabiam a diferença entre ser macho ou ser fêmea. Um admirava o outro, mas a ligação entre eles era tal, que não havia percepção das diferenças. Eles viveram o verdadeiro amor no qual um cônjuge vê o outro como uma extensão de si mesmo.

Imagem do filme Um homem uma mulher retidade de Cine garimpo


Eles não tinham vergonha de estarem nus. Eram tão puros e inocentes que nem mesmo percebiam diferenças entre si.

Viviam plenamente gozando de tudo que Deus lhes oferecera no jardim, compartilhando a alegria da abundância e a plenitude de conhecer o mundo sem a oposição entre o bem e o mal, sem a oposição entre macho e fêmea.

Satanás ao ver os dois em uma vida tão plena, tratou logo de interferir. Ofereceu-lhes o conhecimento das diferenças. O conhecimento do bem e do mal (estas forças sempre coexistiram, mas até então os seres humanos não tinham o conhecimento delas, assim como já existiam macho e fêmea, mas eles não tinham conhecimento das diferenças. Vivam na unidade).

Ao aceitar o conhecimento do bem e do mal, o alegre casal passou a perceber as oposições. Perderam a unidade na qual haviam sido criados por Deus. Passaram a ter uma visão fragmentada.

Foto retirada so site Família propósito de Deus


Adão viu que era homem. Eva viu que era mulher. Passaram a se perceber como indivíduos. Perceberam que eram distintos. Perceberam que não eram um corpo só. Viram que haviam diferenças enormes entre seus corpos e então sentiram vergonha.

Vestiram-se para cobrir a sexualidade, que a partir dali já começa a ser tratada como algo pecaminoso, sendo que antes era tão natural que seria até sagrada.

Cea do filme Um homem uma mulher - blog Renato Felix


Eva passa viver procurando pela aprovação de Adão ("e teu desejo será para o teu marido" Gn 4.16) e Adão começa a dominar sobre Eva ("e ele te dominará" Gn 4.16).

A visão fragmentada de mundo, que distingue pessoas em homens e mulheres e atribui a cada uma um fardo por ser homem ou por ser mulher, é resultante do pecado.



Quando alguém ensina que "o homem deve dominar sobre a mulher", esta pessoa está ensinando o homem a continuar vivendo sob o pecado, exercendo um domínio que só lhe foi atribuído mediante o pecado, ou seja este domínio não é algo bom e natural, e sim uma consequência do pecado.

Quando alguém ensina: "a mulher deve viver em função de satisfazer os desejos ou necessidades do marido, ou em função de sua aprovação", também está ensinando a mulher a continuar vivendo sob o pecado, a carregar o fardo do pecado que Eva carregou, a continuar sob o castigo lançado sobre ela em decorrência do seu pecado.

Jesus veio para libertar-nos do pecado. Por isto é que seu mandamento se resume em "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo".

Jesus não perdeu tempo elaborando regrinhas de convivência, nem regrinhas sobre qual roupa vestir, em que lugar ir ou não ir, o que falar ou não falar, o que comer ou não comer, o que beber ou não beber.

Simplesmente nos ordenou que eliminássemos as barreiras do pecado através do amor.




Se o marido olhar a mulher e ver, como Adão, que ela é parte de si mesmo e se a mulher olhar o marido e ver que ele é parte de si mesma, não haverá motivo para brigas. Não haverá distinção entre os dois. Não haverá dominador nem dominado e a famosa pergunta "Quem é que manda na sua casa?" perde o sentido.

Se queremos viver na graça de Cristo, devemos sair da visão fragmentada de mundo e evoluir para a visão unificada, que é a visão de Deus.

Deus é a Unidade. Ele é o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez. Aquilo que vemos como coisas independentes, para Deus é parte de um todo.

Imagem retirada do blog Lições bíblicas


Ao eliminarmos aquilo que nos faz únicos e diferentes, ao nos identificarmos tanto com o outro a ponto de não vermos diferenças entre nós, libertamo-nos do pecado e de todas as suas consequências.

Ao ver o outro como parte de si mesmo, a fragmentação originada do pecado desaparece e podemos viver na plenitude da criação de Deus: A unicidade entre todas as coisas do universo e entre todos os seres humanos.

Macho e Fêmea são um só vivendo em corpos diferentes.

Marido e Mulher são um ser único que vivem em corpos diferentes.

Somos todos um só vivendo em corpos diferentes.




quarta-feira, 6 de julho de 2011

MACHISMO EVANGÉLICO - HERANÇA DO CATOLICISMO

Machismo é a crença que o homem é superior à mulher, sendo assim a mulher não teria os mesmos direitos do homem e seria dominada por este.



De acordo com este conceito, praticamente todas as religiões cristãs são machistas. Acreditam que a mulher foi gerada apenas para satisfazer as necessidades do homem, acreditam que ela é culpada pelo pecado da humanidade e, o pior, acreditam que Deus é homem!

Não gosto dizer, como a maioria das pessoas, que o cristianismo é machista. Para mim, o cristianismo é a doutrina ensinada por Jesus, e quem a analisar não encontrará nenhum vestígio de machismo, pelo contrário, perceberá como Jesus era amigo das mulheres, como ele tinha uma íntima ligação espiritual com elas e as respeitava, ouvindo-as e compreendendo-as e convivendo harmoniosamente com elas.

No entanto, todas as igrejas cristãs que conhecemos hoje derivam da igreja católica, uma igreja que perseguiu as mulheres cruelmente culpando-as por todo o pecado da humanidade.

Sabe-se que a igreja católica cometeu erros históricos grosseiros contra seus fiéis e contra a humanidade e que por isto começaram a haver discordâncias, através da qual surgiram outras igrejas cristãs.

A mais notável ruptura, provavelmente foi o protestantismo, que aboliu as indulgências, liberou a bíblias para as pessoas, deixando-as se deliciar com o Novo Testamento.

Daí o surgimento de novas igrejas não parou. Novas igrejas que condenam a idolatria e adoram unicamente a Deus. Novas igrejas que descobriram que as pessoas que se convertem devem se batizar. Novas igrejas que descobriram que além do batismo das águas, também existe o batismo do espírito santo (igrejas penteconstais). Novas igrejas pregando salvação como cura não só da alma mas também do corpo (igrejas neo-pentecostais).

A cada nova descoberta bíblica, uma nova igreja pregando “a verdade”.



Mas o mais interessante é que, apesar de romper com muitos erros da igreja católica, nenhuma das igrejas cristãs que eu conheço rompeu com o machismo da igreja católica. Esta herança maldita sobrecarrega até hoje a vida de inúmeras mulheres evangélicas por toda a parte do país.

Mesmo as igrejas mais liberais que permitem que a mulher tenha cargos missionários, têm o machismo na forma da submissão feminina ao marido. Imagine agora o fardo que carregam as mulheres de igrejas mais tradicionais que impõem rígidas normas de conduta, vestimenta e aparência às suas seguidoras.

É interessante perceber que todas as igrejas evangélicas, por mais que se pareçam, fazem questão de serem bem diferentes da igreja católica, e apregoam isto com muito orgulho.

É muito comum, por exemplo, ouvirmos pregações sobre a idolatria, na qual o pregador acusa veemente a igreja católica de induzir seus fiéis a cometerem o pecado da idolatria. E dizem com orgulho “Sabem da verdade, mas praticam a mentira.”

No entanto, continuam a organizar a igreja de forma machista, impedindo que a mulher exerça determinados cargos (limpar a igreja e cozinhar pode!), continuam a pregar que a mulher deve ficar em silêncio, continuam a pregar que a mulher não pode ensinar o homem (ou seria o homem arrogante demais para não aceitar aprender com a mulher?), pregam que a mulher deve obediência ao marido para se salvar (engraçado, Cristo disse que aquele que quiser se salvar deve deixar a família e servir a Deus, isto não se aplicaria às mulheres?) e impões rígidas normas para o corpo feminino, como se este fosse culpado pelos desejos maliciosos dos homens.


Com o machismo, as igrejas cristãs cometem deliberadamente o pecado da iniqüidade que a meu ver tem o mesmo peso da idolatria, afinal o único mandamento de Jesus foi “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Amar ao próximo como a ti mesmo, significa amar a sim mesmo, depois amar ao outro como se este outro fosse você mesmo. Como alguém pode amar a outra pessoa com o mesmo amor que ama a si própria se esta pessoa considera a outra como inferior a si mesma?

Só podemos amar outra pessoa com amor igual ao nosso amor-próprio, quando consideramos que esta outra pessoa é igual a nós.

Portanto considerar que a mulher é inferior ao homem é um pecado tão grande quanto venerar um santo no lugar de venerar a Deus.

Então nos deparamos com as pessoas que dizem: “Mas está escrito...” e aí esfregam na cara das mulheres alguns versículos escritos por Paulo (?) e ignoram completamente o que Cristo disse. Então podemos chegar a conclusão que hoje, a maioria das igrejas que se dizem cristãs, na verdade são paulinistas. Ou seja, seguem o ensinamento de Paulo em detrimento ao de Cristo.

Como poderemos dizer que somos cristãos se não cumprimos o único mandamento que Cristo nos deixou? “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”. Para os machistas entenderem melhor, vamos mudar um pouco a frase: Amai a Deus sobre todas as coisas e à todas as pessoas de tua convivência (inclusive mulheres) com o mesmo amor com que você se ama.




 ? Existem estudos que comprovam que Paulo nunca escreveu uma só frase machista. Elas foram introduzidas pelos padres copistas posteriormente como anotações na lateral da página. Com o passar do tempo estas anotoções começaram a integrar o texto e prova disto é que os poucos versículos machistas das cartas de Paulo, se retirados do texto não tiram o seu sentido, pelo contrário até o deixam mais coeso. Isto não é difícil de se acreditar, haja visto que a igreja católica se ocupou durante muito tempo a moldar a doutrina de Cristo segundo sua visão machista. Que o diga as inúmeras mulheres queimadas nas fogueiras da inquisição, o genocídio de mulheres cometido por esta igreja.
Para saber mais leia o livro: O que Jesus disse de Bart D. Ehrman




segunda-feira, 4 de julho de 2011

PORQUE ESCREVER SOBRE MACHISMO NAS IGREJAS



  
Toda a minha vida foi pautada por episódios que me colocaram frente a frente com problemas essencialmente femininos. Acredito que o principal deles foi a gravidez e parto juntamente com a crise que passei no meu casamento.
Para entender melhor a essência do feminino, atirei-me sobre textos na internet e o que encontrei foi uma total decepção.
 Alguns totalmente machistas, tentam “recolocar” a mulher em seu lugar “certo”, (que na verdade é o antigo lugar ocupado por nossas antepassadas) culpando-as por tudo de ruim que acontece hoje. Exemplos: As crianças estão mal-comportadas? Culpa da mulher estar trabalhando fora e tendo menos tempo para os filhos... Os casamentos não são duradouros? É por causa da mulher estar investindo mais na profissão do que no relacionamento... Existem gente demais no planeta? Culpa desta mulherada que só sabe criar filhos... A taxa de natalidade está baixa e não repõe mais a população, podendo causar sérios problemas para a previdência num futuro bem próximo? Novamente a culpa é da mulher que não quer ter tantos filhos quanto antes...

Outros textos totalmente feministas, colocam a mulher na posição de vítima de tudo... E depois que você lê certos textos, fica apenas um sentimento de revolta, de profunda dor, até porque, infelizmente, a maioria deles são extremamente verdadeiros. São textos que mostram e escancaram o porquê de tanto sofrimento da mulher, e porque com tantas conquistas de direito elas ainda estão socialmente, psicologicamente e religiosamente subjugadas pelos homens... Estes textos são muito importantes para se compreender a realidade, mas depois que você compreende esta realidade, eles se tornam totalmente inúteis, pois não nos dão ferramentas para uma mudança, pelo contrário, só instigam ainda mais o ódio, a revolta e a aumentam a dor.
Encontrei textos também, nos quais a mulher é endeusada. A mulher que cuida de tudo e de todos e ainda encontra tempo para se cuidar... A mulher que consegue estudar, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos e do marido, e ainda competir com os homens pelos mesmos cargos e salários... A mãe perfeita que ama incondicionalmente e doa sua vida aos filhos... A esposa perfeita que consegue manter o lar na mais perfeita ordem, harmonizando a vida dos filhos e do marido, não tem TPM e faz sexo todos os dias... Estes textos, embora bem intencionados, parecem estar elogiando e homenageando as mulheres, mas na verdade acabam aumentando ainda mais a angústia dela, tentando moldá-la segundo padrões de perfeição que a sociedade exige. Na verdade nenhuma mulher (seja na vida pessoal, espiritual, profissional ou familiar) é perfeita e poder assumir isto seria um grande alívio.


Os textos religiosos foram os que mais me decepcionaram. Encontrei diversos textos usando alguns versículos bíblicos para admoestar as mulheres a permanecerem submissas. Estes textos ignoram a doutrina de Cristo no Novo Testamento e usam alguns versículos do Velho Testamento e das cartas do apóstolo Paulo para se justificar. Outros textos masculinizam Deus para justificar a superioridade masculina. E os piores foram aqueles que usaram exemplos de mulheres infiéis (como Jezabel) para comprovar que a mulher não tem capacidade de exercer funções de autoridade!
Diante de toda esta avalanche de textos, não encontrei textos que me ajudassem a desenvolver a espiritualidade que há em mim, fora dos padrões machistas das igrejas e dentro da doutrina cristã.
Cheguei diante de uma encruzilhada, na qual eu precisava decidir entre ser crente ou ser mulher. Mas comecei a meditar e encontrar o equilíbrio entre o que eu sou e o que a igreja espera de mim.
Percebo hoje que a maioria dos desequilíbrios sofridos pelas mulheres cristãs (tais como doenças, depressão, nervosismo, alterações bruscas de humor, etc.) são conseqüência de uma vida na qual nos esforçamos continuamente para ser alguém que não somos. Tornamos-nos religiosas ao seguir inúmeras regras que não têm nem mesmo uma justificativa válida.
O processo para sair da religiosidade para a espiritualidade é penoso e arriscado. Temos que admitir quem somos, ser honestas conosco mesma, aceitarmos nosso eu mulher e libertarmos dos dogmas que entram em conflito com nossos valores.
Este caminho é arriscado, pois temos que lidar com todos os nossos sentimentos reprimidos durante muitos anos. Temos que lidar com a rebeldia, sabendo liberá-la para cada ato que embora corretos serão julgados como errados e ao mesmo tempo sabendo refreá-la para não nos revoltarmos contra tudo e contra todos. Temos que lidar com o medo do castigo, os sermões ameaçadores e aterrorizantes que podem até nos tirar uma noite de sono. Temos que lidar com a reprovação de nossa família e até de nossos melhores amigos.


Mas após passar este período de turbulência, encontramos paz e serenidade na vida. Encontramo-nos com nossa essência, com quem realmente somos e ficamos livres para viver uma vida cristã pura.
A partir daí começa um verdadeiro crescimento espiritual, que nunca poderia ser alcançado através do uso de determinadas roupas, ou através de pregações bonitas.
Tornamo-nos mais cristãs e simultaneamente mais mulheres.
Acredito que hoje, muitas mulheres cristãs estão passando pelo período de turbulência espiritual pelo que eu já passei. Espero poder ajudá-las, afinal muitas verdades que vou dizer aqui neste blog, nenhum ancião, pastor, padre, rabino, seja lá o que for, terá coragem de dizer. Simplesmente porque são homens e desconhecem totalmente os problemas inerentes ao universo feminino.



domingo, 3 de julho de 2011

LIDERANÇA FEMININA INSTITUÍDA POR DEUS

imagem do blog Um pouco de história e histórias


Toda a vida ouvi milhões de frases tentando justificar biblicamente a posição superior do homem e a submissão feminina como algo imposto por Deus.

Qual não foi o meu espanto ao ler 1º de Genêsis com um pouco mais de atenção e descobrir que Deus havia dado as mesmas tarefas tanto ao homem quanto à mulher e que não fez nenhum dos dois superior ou inferior.

 Genesis capítulo 1

27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.

28 E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos ao para mantimento.

30 E a todo o animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi.

31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom, e foi a tarde e a manhã do dia sexto.


Lendo atentamente o versículo 27 percebemos que a distinção entre homem e mulher é importante enquanto questão biológica, tanto que o autor salienta: macho e fêmea os criou.

No entanto o fato de o homem (a pessoa) ser macho ou ser fêmea não estabelece nenhuma relação de hierarquia. Deus abençoou tanto ao macho quanto à fêmea e lhes deu a mesma ordem: Dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

Durante tantos anos de domínio exclusivamente masculino, não é de se admirar que nosso planeta esteja todo devastado e que a destruição da natureza tenha chegado a níveis que num futuro bem próximo poderá impedir a nossa sobrevivência aqui.

Tudo isto é fruto da desobediência à clara ordem de Deus: Dominar a terra deveria ser uma tarefa para homens e mulheres, uma tarefa feita em conjunto, com respeito à visão de mundo feminina.

Impedidas de dominar até mesmo sobre suas vidas, as mulheres foram excluídas forçadamente do plano de Deus em relação à vivência da humanidade neste planeta. Esta exclusão foi feita em nome de um machismo religioso absurdo que joga a culpa de todo o pecado da humanidade nas costas da mulher.

Relegada ao pecado, excluída das decisões, a mulher viveu sem exercer seu natural domínio sobre o mundo.

No total poder das decisões o homem exerceu domínio sobre a Terra sozinho, sob o ponto de vista masculino da competição, explorando excessivamente os recursos naturais para obtenção de riquezas.

Os prejuízos deste domínio unilateral são enormes, tanto para o planeta Terra, quanto para a humanidade no geral. Este modo de domínio “(...) produz ganhadores e perdedores e esses últimos, cada vez mais numerosos, ingressam nos exércitos dos pobres e excluídos.” (Henrique Rattner)

Acredito que se o poder da humanidade tivesse sido sempre exercido igualmente por homens e mulheres, o Planeta Terra e a Humanidade não estariam sofrendo.

O homem é competitivo. Com a tarefa de caçar, nos primórdios da humanidade, desenvolveu as qualidades força, decisão, ação, competição. A mulher é colaborativa. Com a tarefa de cuidar da prole nos primórdios da humanidade, desenvolveu as qualidades senso de justiça, equidade, amor, compreensão.

Agora imaginem um mundo dominado pela força e pela sensibilidade. Pela razão e pela intuição. Pela competição e pela colaboração. Pela decisão e pela compreensão. Pela ação e pelo amor.

Simplesmente seria um mundo justo, equilibrado, onde não haveriam ganhadores e perdedores, antes haveria uma sincronia total entre todos os seres humanos e o planeta Terra.

Neste caso, dominar sobre o planeta Terra não seria uma ação covarde como a que os homens têm feito nos últimos milênios degenerando todas as formas de vida em prol da riqueza, e sim uma ação amorosa na qual o domínio significa a compreensão da alma do outro.


Jesus ando sobre as águas - Imagem retirada do blog Caminhando com Jesus


A compreensão da natureza e o respeito a ela nos levaria a fazer uso natural de suas forças para o nosso próprio bem-estar. Quando Jesus andou sobre as águas, quando ordenou que os ventos parassem, nos mostrou claramente que todas as forças da natureza podem estar à nossa disposição e podem agir ao nosso favor, mas para isto é necessário uma intensa comunhão entre a pessoa e a Terra.

Nunca conseguiremos o domínio da natureza através da simples exploração de seus recursos. Isto é estúpido pois, assim como os negros se rebelaram com a escravidão, assim como as mulheres se rebelaram contra o patriarcalismo, e assim como todos os oprimidos se rebelam e se libertam de seus opressores, também a natureza se rebelará contra a humanidade.

Talvez a melhor palavra nem seria domínio ou sujeição como a bíblia nos traz. A melhor palavra seria liderança, pois esta palavra pressupõe uma preocupação e compreensão quanto ao sujeito que é liderado.

Portanto, a todas as mulheres que estão lendo este artigo, principalmente as evangélicas, que foram educadas para serem submissas, minha mensagem é:

Cumpramos aquilo que Deus tem nos ordenado no momento da criação. Exerçamos com alegria funções de liderança em todos os níveis de nossa vida: Em casa, na igreja, no trabalho, na escola, na sociedade.

Exerçamos esta liderança pautadas nas qualidades essenciais às mulheres: Amor, sensibilidade, intuição, colaboração. Estas qualidades estão fazendo falta ao mundo.

Precisamos ainda romper muitas barreiras, principalmente dentro das igrejas, que necessitam com urgência de aceitar que a liderança feminina é algo natural, não apenas permitido, mas também exigido por Deus.

Assim como o domínio unilateral do homem sobre a natureza tem provocado estragos imensos à natureza, dentro das religiões também se observa o mesmo. O domínio unilateral do homem nas religiões tem corrompido o evangelho, deturpado a palavra de Deus e produzido uma imagem distorcida de Deus.

Os homens pregam a humildade, mas não aceitam aprender com as mulheres; pregam a justiça, mas privam as mulheres de exercerem os dons concedidos por Deus; pregam a equidade, mas praticam o pecado da iniqüidade deliberadamente dentro das igrejas ao não aceitar que as mulheres exerçam as mesmas funções dos homens; pregam o amor ao próximo, mas são machistas; pregam a salvação pelo batismo, mas continuam a condenar a mulher batizada pelo pecado de Eva; pregam a compaixão, mas não hesitam em sobrecarregar as mulheres de ordenanças...

Estes são apenas alguns exemplos de como o domínio unilateral do homem nas religiões, deturpou a palavra de Deus.

Como conseqüência temos uma quantidade imensa de mulheres evangélicas doentes e deprimidas enquanto outras simplesmente se rebelam e deixam a igreja e em alguns casos até o próprio lar; famílias que se deterioram de um momento para o outro depois de anos dentro da igreja; descrença geral das pessoas que começam a ir na igreja apenas por ir, mas por dentro estão desconfiadas de que algo está errado...

Andar sobre as águas - Imagem retirada do blog de Marcos Monteiro Real

Assim como o homem subjugou tanto a Terra a ponto de que a vida aqui pode se tornar impossível, também no plano religioso, sugbjugou tanto a mulher em nome de Deus, que a vida espiritual dentro das igrejas está ficando impossível. Para muitas mulheres hoje, está mais fácil evoluir espiritualmente fora da igreja do que dentro dela.

Por isto nós mulheres devemos nos conscientizar da importância da liderança feminina e paulatinamente exercer esta liderança. Esta Terra só será perfeita como Deus planejou, quando homem e mulher, unirem suas visões de mundo, que são opostas mas complementares, e quando e todas as formas de poder (religioso, social, cultural, educacional, financeiro, familiar) forem exercidas igualmente por homens e mulheres.

Precisamos dar as mãos!