segunda-feira, 4 de julho de 2011

PORQUE ESCREVER SOBRE MACHISMO NAS IGREJAS



  
Toda a minha vida foi pautada por episódios que me colocaram frente a frente com problemas essencialmente femininos. Acredito que o principal deles foi a gravidez e parto juntamente com a crise que passei no meu casamento.
Para entender melhor a essência do feminino, atirei-me sobre textos na internet e o que encontrei foi uma total decepção.
 Alguns totalmente machistas, tentam “recolocar” a mulher em seu lugar “certo”, (que na verdade é o antigo lugar ocupado por nossas antepassadas) culpando-as por tudo de ruim que acontece hoje. Exemplos: As crianças estão mal-comportadas? Culpa da mulher estar trabalhando fora e tendo menos tempo para os filhos... Os casamentos não são duradouros? É por causa da mulher estar investindo mais na profissão do que no relacionamento... Existem gente demais no planeta? Culpa desta mulherada que só sabe criar filhos... A taxa de natalidade está baixa e não repõe mais a população, podendo causar sérios problemas para a previdência num futuro bem próximo? Novamente a culpa é da mulher que não quer ter tantos filhos quanto antes...

Outros textos totalmente feministas, colocam a mulher na posição de vítima de tudo... E depois que você lê certos textos, fica apenas um sentimento de revolta, de profunda dor, até porque, infelizmente, a maioria deles são extremamente verdadeiros. São textos que mostram e escancaram o porquê de tanto sofrimento da mulher, e porque com tantas conquistas de direito elas ainda estão socialmente, psicologicamente e religiosamente subjugadas pelos homens... Estes textos são muito importantes para se compreender a realidade, mas depois que você compreende esta realidade, eles se tornam totalmente inúteis, pois não nos dão ferramentas para uma mudança, pelo contrário, só instigam ainda mais o ódio, a revolta e a aumentam a dor.
Encontrei textos também, nos quais a mulher é endeusada. A mulher que cuida de tudo e de todos e ainda encontra tempo para se cuidar... A mulher que consegue estudar, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos e do marido, e ainda competir com os homens pelos mesmos cargos e salários... A mãe perfeita que ama incondicionalmente e doa sua vida aos filhos... A esposa perfeita que consegue manter o lar na mais perfeita ordem, harmonizando a vida dos filhos e do marido, não tem TPM e faz sexo todos os dias... Estes textos, embora bem intencionados, parecem estar elogiando e homenageando as mulheres, mas na verdade acabam aumentando ainda mais a angústia dela, tentando moldá-la segundo padrões de perfeição que a sociedade exige. Na verdade nenhuma mulher (seja na vida pessoal, espiritual, profissional ou familiar) é perfeita e poder assumir isto seria um grande alívio.


Os textos religiosos foram os que mais me decepcionaram. Encontrei diversos textos usando alguns versículos bíblicos para admoestar as mulheres a permanecerem submissas. Estes textos ignoram a doutrina de Cristo no Novo Testamento e usam alguns versículos do Velho Testamento e das cartas do apóstolo Paulo para se justificar. Outros textos masculinizam Deus para justificar a superioridade masculina. E os piores foram aqueles que usaram exemplos de mulheres infiéis (como Jezabel) para comprovar que a mulher não tem capacidade de exercer funções de autoridade!
Diante de toda esta avalanche de textos, não encontrei textos que me ajudassem a desenvolver a espiritualidade que há em mim, fora dos padrões machistas das igrejas e dentro da doutrina cristã.
Cheguei diante de uma encruzilhada, na qual eu precisava decidir entre ser crente ou ser mulher. Mas comecei a meditar e encontrar o equilíbrio entre o que eu sou e o que a igreja espera de mim.
Percebo hoje que a maioria dos desequilíbrios sofridos pelas mulheres cristãs (tais como doenças, depressão, nervosismo, alterações bruscas de humor, etc.) são conseqüência de uma vida na qual nos esforçamos continuamente para ser alguém que não somos. Tornamos-nos religiosas ao seguir inúmeras regras que não têm nem mesmo uma justificativa válida.
O processo para sair da religiosidade para a espiritualidade é penoso e arriscado. Temos que admitir quem somos, ser honestas conosco mesma, aceitarmos nosso eu mulher e libertarmos dos dogmas que entram em conflito com nossos valores.
Este caminho é arriscado, pois temos que lidar com todos os nossos sentimentos reprimidos durante muitos anos. Temos que lidar com a rebeldia, sabendo liberá-la para cada ato que embora corretos serão julgados como errados e ao mesmo tempo sabendo refreá-la para não nos revoltarmos contra tudo e contra todos. Temos que lidar com o medo do castigo, os sermões ameaçadores e aterrorizantes que podem até nos tirar uma noite de sono. Temos que lidar com a reprovação de nossa família e até de nossos melhores amigos.


Mas após passar este período de turbulência, encontramos paz e serenidade na vida. Encontramo-nos com nossa essência, com quem realmente somos e ficamos livres para viver uma vida cristã pura.
A partir daí começa um verdadeiro crescimento espiritual, que nunca poderia ser alcançado através do uso de determinadas roupas, ou através de pregações bonitas.
Tornamo-nos mais cristãs e simultaneamente mais mulheres.
Acredito que hoje, muitas mulheres cristãs estão passando pelo período de turbulência espiritual pelo que eu já passei. Espero poder ajudá-las, afinal muitas verdades que vou dizer aqui neste blog, nenhum ancião, pastor, padre, rabino, seja lá o que for, terá coragem de dizer. Simplesmente porque são homens e desconhecem totalmente os problemas inerentes ao universo feminino.



Um comentário:

  1. Concordo plenamente com seu raciocínio e acredito que esse despertar espiritual é de suma importância para todas as mulheres

    ResponderExcluir

Esta postagem reflete a minha forma de pensar, que foi construída através de minha experiência de vida e das revelações de Deus para meus questionamentos. Se você tem uma forma de pensar diferente, seja respeitoso ao expressá-la aqui.